31 de maio de 2009

Punch-Out!! - Passado e presente



[ Nintendo aposta em retomada de antiga
franquia seguindo - também antigo -
clichê futebolístico ]

Em time que está ganhando, não se mexe, não é? Ou mexe-se pouco, de acordo com os ideais da Grande N para a franquia "Punch-Out!!". Recentemente, tive a oportunidade de testar a versão para Wii, não sem antes repassar os clássicos (afinal, isso aqui é um blog de gente que curte o material das antigas, né?). Adiantando a conclusão sobre minhas impressões, confesso que gostei do trabalho.
Porém, em vez de tratar da história e evolução da franquia (Wikipédia já tem tudo), vou abordar o assunto em três rounds de acordo com os componentes que considero mais importantes nos jogos eletrônicos: gameplay (ou "a experiência do jogo"), game design (que trata do planejamento da experiência) e apresentação formal (o vizú e o som).

1º Round - Punch-Out!! - NES


Engana-se quem pensa que aqui começa a história de Little Mac, o protagonista dessa história. A primeira versão de "Punch-Out" foi produzida para arcade, em 1984 (3 anos antes da versão para console), pelo (genial) designer Genyo Takeda, que começou a trabalhar na Nintendo antes da "era digital" da empresa. Entre outras atividades, o sr. Takeda cuidava de times de desenvolvimento diferentes (software e hardware). É importante falar dessa figura, porque muito do game design de "Punch-Out!!", seja no arcade ou no Nintendo 8-bits, foi desenvolvido com uma metodologia de observação e multidisciplinaridade, típica dos designers mais bem colocados dentro da companhia (Shigeru Miyamoto, Gunpei Yokoi e outros).
"Punch-Out!!" não é, essencialmente, um jogo de boxe.
"Que absurdo!", muitos pensarão... Na verdade, toda a série funciona com uma mecânica mais próxima do "Genius" (outro clássico das antigas) do que de um "Fight Night", por exemplo. O adversário dá uma dica de seu próximo movimento (jab, upper, cruzado etc.) e o jogador responde, por meio de poucas - mas eficientes - ações.
O ponto mais positivo de "Punch-Out!!" - NES é exatamente esse. Os comandos são limitados e os adversários apresentam padrões de ação, mas, mesmo assim, a experiência do jogo é muito satisfatória. Como a dificuldade aumenta de maneira gradual, há desafio suficiente para garantir o engajamento e o replay do jogador. A diversão fica por conta das excelentes caracterizações dos adversários de Little Mac (talvez sejam eles os verdadeiros protagonistas da história, já pensaram?) e do som bem aproveitado. A plataforma apresenta, obviamente, limitações (palheta de cores, som sintetizado, capacidade de processamento etc.), mas é impressionante perceber como os designers conseguiram dar personalidade e carisma às figuras. Cada lutador tinha sua introdução, com um breve tema musical relacionado à sua cultura/nacionalidade.
Contudo, uma coisa ainda irrita muitos jogadores de "Punch-Out!!" - NES: o desafio fica próximo do impossível, perto do final do jogo. E dá-lhe controle atirado pela janela!

2º Round - Super Punch-Out!!


Anos se passaram, uma nova geração de consoles nasceu e, em 1994, foi lançada, nos EUA, a versão de 16 bits do adorado festival de caras e socos.
Mas... Peraí... Quem é esse sujeito?
A mudança mais perturbadora acontece logo que se inicia uma partida. Little Mac surge com os cabelos claros e o físico esculpido, abandonando a imagem franzina e diminuta. O ângulo da câmera muda para mais próximo e atrás de Mac. Ao redor dele, percebe-se que mudou, também, o sistema de funcionamento das recompensas: em vez de corações e estrelas, um medidor em forma de setas. Em vez de 3 rounds, apenas um. Ao longo das lutas, poucas caras conhecidas (só 3 lutadores da versão para NES reaparecem no SNES).
Felizmente, os comandos foram mantidos, mesmo com o aumento do número de botões no controle. Isso garante a manutenção da experiência e engajamento no desafio, mas a diversão perdeu alguns pontinhos, com uma leve acelarada no andamento do jogo e, consequentemente, menos tempo para apresentar os lutadores. O visual é excelente, com destaque para as animações fluidas e expressivas, mas o som é só OK.
A dificuldade continua brutal, nesse capítulo da franquia, mas os castigos para as falhas são menos severos do que em "Punch-Out!!" - NES.

3º Round - Punch-Out!! - Wii


Já era esperado, há meses (talvez anos), que a Nintendo retomasse "Punch-Out!!", assim como fez com outras franquias. Para nós, jogadores, levou muito tempo para saber como seria utilizar os controles sensíveis a movimento em um jogo de boxe com ótimas chances de fazer história.
E não foi tão histórico assim...
"Punch-Out!!" - Wii lembra muito a versão de 8 bits. É uma estratégia bem pouco ousada, remontar um clássico em vez de apostar em uma (r)evolução. Parece até que os desenvolvedores esqueceram o primeiro nome que o Wii teve (isso rende um post a parte).
É claro que a apresentação do jogo melhorou muito (e bota muito nisso!). Na verdade, é um primor visual, com animações caprichadas, som envolvente e atenção para os mínimos detalhes (mudam expressões, ângulos de câmera nas cut-scenes e mais). Ganhou-se tudo o que foi (quase) perdido na versão para SNES, incluindo os lutadores originais, as estrelas e corações.
Mas os controles... Aaah, esses controles...
O gameplay é, como foi dito, o mesmo de sempre, mas a adaptação dos comandos para os sensores de movimento só tornou a experiência truncada e pouco fiel. "Punch-Out!!" nunca foi uma série de jogo casual, nos consoles. O jogador depende de fidelidade e agilidade na resposta dos comandos que executa, principalmente nos adversários dos circuitos finais. Então, não é uma boa ideia tentar se acostumar a socos no ar e pisadas na balança para se esquivar. O wiimote e a balança definitivamente não servem para isso.
GRAÇAS A ZEUS, há opção para controles clássicos, usando poucos botões e o direcional! Isso salvou o jogo da perdição completa. E também ajudam os novos modos de jogo (dois jogadores locais, exibição etc.), que conferem mais replay ao produto. No final, é um game que vale o dinheiro investido.

KO!
"Punch-Out!!" continua merecedor de troféus, junto com as franquias mais bacanas da indústria de videogames. Isso se deve, em grande parte, aos designers "cabeça aberta", que souberam montar jogos cujas características de pouca fidelidade ao mundo prático, planejamento caprichado de níveis e simplicidade no ato de jogar, proporcionam momentos divertidos e desafiadores, utilizando com sabedoria e plenitude as possibilidades de cada plataforma em que trabalharam. "Punch-Out!!" funciona muito bem até mesmo com aqueles jogadores resistentes a jogos esportivos. Se você é um desses, e ainda não jogou nenhuma instância da série, recomendo que conheça e jogue o quanto antes. Quero ver largar as luvas, depois disso.

Abraços!
Game on!

4 Comentários:

Magazine Games disse...

Cara eu nunca joguei esse game, mas lembro que sempre que eu ia nas locadoras e via a capa dele eu ficava com vontade de alugar rsrsrsrs. Depois vo dar uma jogada via emulador. Muito legal essa matéria

Adriano Rezende disse...

KO! Perfect!! You win!

hehe Ficou muito bom, deu vontade de jogar...

Dyjan F. Dantas disse...

só a titulo de curiosidade, recentemente uma versão rara de punch-out para nes foi comprada por lguns fãs e posta na net, e tbm está a venda uma copia fiel por 50 $ se n me engano, nessa versão n se joga com Little Mac e sim com o Ultimo desafio do Punch - Out 1 de Nes. Ninguem mais ninguem menos que Mike Tyson. no começo do jogo diz "Mike Tyson the most strongest man in the world" ou algo do tipo, que quer dizer, mike tyson é com toda certeza o homem mais forte do mundo, isso como se fosse umnoticiario de tv, ai mostra um alien assistindo tudo, e convida ele para um torneio intergalactico, e então começa o jogo. ^^

Albatross disse...

esse game é muito maluco. nunca joguei. só vi comentários e outras pessoas jogando. um dia eu tomo vergonha na cara e resolvo distribuir uns jabs nesse game clássico.